Executivo observando a tempestade.

Como as empresas (inteligentes) superam as crises?

Neste artigo, darei ênfase às empresas industriais e apontarei, apoiado em minha experiência, quais as características fundamentais de uma empresa inteligente e como tais características as mantêm competitivas e mais preparadas para enfrentar e superar crises.

É inegável que o ambiente competitivo vem se modificando de forma acelerada há algum tempo. Reservas de mercados estão sendo contestadas, blocos econômicos surgiram e criaram poderosas zonas de livre comércio e acordos comerciais estão sendo negociados em escala mundial. De igual forma, a competição também tende a acontecer em nível mundial. Não importa o país onde determinada empresa está instalada, ela deve ser capaz de competir em escala global. Caso contrário, será ataca e superada pela concorrência instalada a milhares de quilômetros de distância.

Toda empresa deve ser capaz de competir em escala global

A modificação no contexto competitivo empresarial forçou as empresas a transformarem significativamente seus processos produtivos. Antigamente os produtos eram fabricados em grandes lotes, pouca ou nenhuma flexibilidade de produção com alto grau de padronização.

Atualmente, as empresas mais competitivas produzem lotes menores com alta qualidade. Isso gera mais flexibilidade na produção, ou seja, os produtos podem ser customizados respeitando de forma mais adequada as necessidades de cada cliente. Também se aproveitam de ciclos produtivos mais curtos e menores prazos de entrega ao cliente.

A principal preocupação das empresas inteligentes e competitivas é a busca constante pela eficiência produtiva. Alguns elementos são incansavelmente combatidos a fim de reduzi-los ou eliminá-los completamente, tais como:

  • Falta de qualidade do produto
  • Trabalhos com baixo valor agregado
  • Desperdício no processo produtivo

Sendo assim, é necessário um controle efetivo ao longo de todo processo produtivo. De igual forma, é fundamental que a empresa tenha condição de medir e avaliar o desempenho de todas as atividades produtivas. O acompanhamento constante possibilita a velocidade necessária na correção e melhoria de processos, aumentando assim a competitividade empresarial.

As empresas inteligentes e altamente competitivas, produzem seus artigos com foco total no mercado que desejam atingir. Com um ciclo produtivo curto e flexibilidade em suas atividades, seus produtos podem ser customizados, oferecendo assim um amplo portafolio capaz de satisfazer as necessidades especificas dos clientes. Para combater a obsolescência e o ataque constante da concorrência, estas empresas são inovadoras compulsivas. As modificações nos produtos e nos processos produtivos são constantes. Se olharmos mais atentamente para as empresas vencedoras, é fácil identificar características que as diferem das empresas tradicionais, são elas:

  1. Empresas inovadoras
  2. Programas de melhorias constantes
  3. Filosofia de qualidade total
  4. Combate ao desperdício

1. Empresas Inovadoras.

As empresas que possuem uma cultura de inovação são mais fortes e acabam por fidelizar seus mercados.  Em um ambiente competitivo, onde a obsolescência dos produtos está cada vez mais rápida, manter esta cultura e criar um sistema voltado para o mercado capaz, até mesmo, de criar necessidades que o cliente não sabia que existia, faz com que este tipo de empresa se fortaleça contra a concorrência.

Não são apenas as indústrias de tecnologia que podem ser percebidas como inovadoras. Qualquer companhia pode e deve implementar este tipo de cultura. A inovação é um meio para alcançar os objetivos estratégicos e manter a liderança de mercado.

O assunto inovação é tão amplo que merece um artigo específico em um outro momento.

2. Programas de Melhoras Constantes

O aprimoramento contínuo, sem dúvida, é o principal diferencial das empresas modernas líderes de mercado. Quando falo de aprimoramento contínuo, não estou falando apenas em aprimoramento de produtos ou tecnologia. Esse assunto deve ser tratado pelos responsáveis pela inovação. Estou falando na prática de um programa de melhorias constantes que envolvam atividades e processos relacionados ao ciclo produtivo, sendo seu principal objetivo, identificar e eliminar desperdícios.

Desperdício é todo insumo investido de forma ineficiente ou ineficaz, sendo eles, materiais ou atividades que não agregam valor ao produto.

Desperdício é todo insumo investido de forma ineficiente ou ineficaz

Sendo assim, na cultura de melhorias constantes, estes insumos mal investidos devem ser identificados e tratados com eficácia e racionalidade.

Todas as atividades devem ser monitoradas e racionalizadas. Inclusive aqueles indispensáveis ao processo produtivo, como o “setup” de máquinas, movimentação de matéria-prima e manutenção. Estas atividades não agregam valor ao produto e tão pouco podem ser eliminadas, entretanto, podem ser melhoradas desde que sejam monitoradas.

Particularmente acredito que um sistema de produção inteligente deve contemplar três atributos, a saber:

a) Lotes de produção mínimo

Tradicionalmente o conceito perverso de lote econômico, contribui com nada, além de gerar uma cultura de acomodação com o processo produtivo.

Por outro lado, a redução dos lotes de produção impõe às indústrias uma necessidade de aprimoramento de todo processo produtivo, o que inevitavelmente resultará em aumento de produtividade.

Tenho visto na prática os benefícios poderosos de se implementar o conceito de lote mínimo em detrimento ao lote econômico. A lógica do lote econômico é a convivência com atividades e situação de desperdício. Quando se impõe o desafio de redução de lotes de produção, necessariamente ações de melhorias deverão ser implementadas às atividades e processo deverão ser revisados.

b) Estoques mínimos

Assim como a redução dos lotes de produção, a imposição da política de estoques mínimos é outra qualidade das empresas inteligentes.

Para que uma empresa trabalhe com estoques baixos e lotes pequenos de produção, os processos e atividades devem estar muito bem alinhados e coordenados. Qualquer falha ou omissão pode causar prejuízo às companhias, uma vez que a indústria não dispõe de estoques de segurança.

Essa situação certamente causa insegurança aos gestores mais tradicionais e com perfil de acomodação. Esse tipo de profissional está ligado a cultura do modelo tradicional de produção, com lotes econômicos, estoques altos e de tendência a considerar os problemas como normais, atacando seus efeitos sem eliminar as causas de forma permanente.

As empresas inteligentes entendem que trabalhar com estoques reduzidos além de ser uma potente ferramenta na disputa pelo mercado, é também um importante motivador da mudança de comportamento interno de seus gestores.

Estoques mínimos

Estoques altos é um exemplo de desperdício, pois demandam gastos e não acrescentam valor ao produto. Trabalhar com uma política de inventário reduzido traz inúmeras vantagens competitivas, facilmente percebidas e praticadas pelas empresas inteligentes, tais como:

  • Catalizador do comportamento proativo dos colaboradores
  • Agilidade para modificação de produtos e responder às mudanças de mercado
  • Menor investimento em armazenagem
  • Maior integração no processo produtivo
  • Menor investimento de Capital de Giro

c) Fluxo constante

Estou convencido que um programa de melhorias constante baseado em lotes de produção menores e políticas de estoques reduzidos, inevitavelmente impulsiona as empresas inteligentes para um ciclo produtivo mais rápido e eficiente.

Esta cultura aproxima as empresas modernas de um fluxo contínuo de atividades, matérias-primas e insumos tão bem coordenados, que não importa a velocidade de mudança do mercado, surgimento de novos competidores ou que crises globais se instalem, a agilidade da resposta será fulminante.

3. Filosofia de qualidade total

Um atributo marcante das empresas inteligentes é a filosofia da qualidade total.

Frequentemente a área de qualidade dentro das empresas é dividida em dois subgrupos. Existe a área responsável pela qualidade do projeto, que está relacionada diretamente com o produto e sua adequação às necessidades do mercado e, em uma outra dimensão, está área de “controle de qualidade” muito mais relacionada com a produção. Tendo como sua principal responsabilidade a transformação das matérias-primas, de forma a entregar um produto que respeite as especificações técnicas.

Por outro lado, o conceito de qualidade nas empresas vencedoras é muito mais abrangente e eficaz. A filosofia da qualidade total agrega sob a mesma gestão a satisfação do mercado, o processo produtivo confiável e sem defeitos, o preço de venda competitivo e o valor de mercado, conceitos de respeito ao meio ambiente e sustentabilidade, relacionamento com clientes e comunidade em geral (fornecedores e colaboradores), entre outros. Enfim, tudo que possa gerar valor e atributos positivos à empresa e à marca especificamente.

4. Combate ao desperdício

As empresas investem um conjunto de esforços para atingirem seus objetivos, que no final do dia podemos separá-los em trabalho e desperdício.

Trabalho

O trabalho pode ser analisado e classificado sob a ótica de dois modelos:

a) Trabalhos que agregam valor

Os trabalhos que agregam valor são os trabalhos efetivos, percebidos no produto pelo cliente. São trabalhos relacionados à transformação da matéria-prima ou acabamento, que ao final do processo o produto vale mais do que antes.

b) Trabalhos que não agregam valor

Os trabalhos que não agregam valor, são os trabalhos adicionais que não aumentam o valor do produto. São de igual importância para o processo produtivo, pois geralmente dão suporte às atividades de transformação. Para um melhor entendimento, podemos classificar como atividades adicionais a manutenção e preparação de máquinas.

Os trabalhos, sejam ele quais forem, devem ser medidos e controlados dentro do programa de melhorias constantes, a fim de aprimorá-los até a perfeição.

Desperdícios

Os desperdícios, como o próprio nome já revela, não são atividades agregadoras de valores e tão pouco são tarefas necessárias para o suporte aos trabalhos efetivos. Muitas vezes são prejudiciais a tal ponto que acabam por diminuir o valor dos produtos ou encarecem o processo produtivo. Adiante apresentarei alguns exemplos de desperdícios.

Dito isso, não é difícil compreender por que as empresas inteligentes combatem os desperdícios e trabalham incessantemente para maximizar os trabalhos efetivos e minimizar os trabalhos adicionais.

A seguir escreverei sobre alguns exemplos de desperdícios para que você possa iniciar um processo de observação e investigação dentro de sua empresa:

a) Desperdício por lotes grandes de produção:

Este tipo de desperdício, sob meu ponto de visto, é um dos mais importantes e perigosos por esconder outros tipos de desperdícios. Está relacionado com produção desnecessária ou antecipada, o que resulta em aumento de inventário, mascarando eventuais imperfeições no processo produtivo e perfil dos colaboradores. A meta para esse desperdício deve ser a eliminação.

b) Desperdício por movimentação de materiais:

Relacionado à movimentação de materiais, a meta deve ser a eliminação. Alguns gestores defendem que esse desperdício pode ser combatido com mecanização ou automação. Estão enganados! Sua redução depende diretamente da reorganização física da fábrica, que deve ser pensada de forma a reduzir ao mínimo a movimentação de materiais.

c) Desperdícios por qualidade:

Como indicado no próprio nome, trata-se da manufatura de produtos fora das especificações de qualidade. Este desperdício é o de mais fácil identificação e sua meta deve ser a eliminação. As empresas inteligentes combatem esse desperdício através de processos confiáveis de produção e na rápida identificação e solução dos problemas.

d) Desperdício por produção:

Corresponde às atividades de transformação e consumo de materiais necessários para que o produto adquira suas características finais. Um processo de transformação desnecessário ou um consumo excessivo de matéria-prima acaba por encarecer o produto. A meta para esse tipo de desperdício deve ser o desaparecimento completo e isso pode ser conseguido através da comparação de padrões técnicos e análises detalhadas dos processos de produção.

e) Desperdício por estoques:

Uma série de desperdícios ocultos estão relacionados com alto volume de estoques. Desperdício com manutenção de estoque, desperdício com investimento em capital imobilizado, desperdício por obsolescência, custo de oportunidade, entre outros. A meta deve ser a redução dos estoques ao seu nível mínimo.

Enfim, esses são alguns exemplos de desperdícios mais comuns e constantemente combatidos por empresas de alto desempenho.

Necessidade de adaptação

Todas as empresas serão forçadas a se adaptarem à nova realidade de mercado. A busca pela eficiência e diferenciais competitivos já é uma realidade. Com isso, o principal diferencial percebido pelas empresas inteligentes é a busca incansável pela identificação e eliminação dos desperdícios ao longo de todo seu ciclo operacional.  

Sendo assim, faça como estas empresas, prepare-se para a competição investindo em um sistema de informação capaz de auxiliar o processo de análise e alavancar a eficiência interna. Mas acima de tudo, estabeleça uma cultura de combate ao desperdício e aperfeiçoamento constante. Isso mudará seu futuro e lhe colocará em posição de vantagem em relação aos seus competidores.

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Jorge Lemos

Jorge Lemos

Jorge Lemos é contador, graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grade do Sul, Especialista em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro e cursou MBA em Gestão Estratégica pela Universidad de La Sabana em Bogotá na Colômbia. Possui mais de 25 anos de trajetória profissional internacional na área de finanças, com passagens por empresas dos segmentos de Indústria, tecnologia e Comunicação. Especialista em projetos financeiros, finanças internacionais, gestão de crise, turnaround e diplomacia corporativa

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